16/09/2013

ACTIVA (J.Serrano Júnior)

(1929) Conservas Activa
(José Rodrigues Serrano Júnior)


(1929) A fábrica de Conservas Activa, situava-se no gaveto da Avda.Menéres com a Rua Mouzinho Albuquerque. A história da Activa foi um êxito fulgurante no progresso conserveiro do Norte na sua época, falando eloquentemente em todo o mundo, a excelência das suas marcas "ACTIVA" "LALITA" "LEIXÕES", etc... Capacidade de produção 45.000 caixas (ano).

(1936) Tinha oficina de vazio, serralharia, dependência para habitação do pessoal feminino. A fábrica tinha já sido modernizada pelo exterior e isso exigia que o interior não fosse abandonado, efectivamente, foi totalmente transformado com teto novo e mais alto, dando o aspecto peculiar das grandes fábricas.

(1940) São efectuadas obras assinaláveis na fachada, realizadas pelo arquitecto Amoroso Lopes. A construção de vivendas para o pessoal director, refeitórios para operários e uma creche para os filhos das operárias, foram obras notáveis. A fábrica tinha 200 trabalhadores.

(2013) O património foi demolido. Deu lugar a habitações de luxo e galerias comerciais.
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22/07/2013

FESTAS MÁRTIR S.SEBASTIÃO

A Festa do Mártir S.Sebastião é toda dos pescadores de Matosinhos. Da Igreja Matriz sai uma majestosa procissão que vai até à Doca Pesca. Os pescadores exprimem ao seu santo padroeiro toda a sua devoção e pedem-lhe um mar farto e seguro. Vestem os seus filhos de anjinhos, carregam o andor do Mártir S. Sebastião e engalanam os seus barcos para que sejam benzidos, juntamente com o mar.

No Domingo de manhã assistem a uma missa solene na Igreja do Bom Jesus de Matosinhos. A festa religiosa não acaba sem um espectáculo, de variedades e de ranchos folclóricos, seguido de um magistral fogo-de-artifício.
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08/06/2013

FÁBRICA DA TRIPA

(1937) "Soc. Prod. Óleos e Farinhas de Peixe, Lda."
(Instituto Português de Conservas de Peixe)


(1937) A 5 de Janeiro, o "I.P.C.P." fez inaugurar solenemente a Fábrica de Farinhas de Peixe que, de harmonia com os industriais das conservas, havia instalado em Matosinhos.

Do primeiro concelho de administração fizeram parte o Sr. Eurico Felgueiras, Afonso Barbosa e Dr. Fernando Matos. Apesar da cerimónia de inauguração, a caldeira a vapor acendeu-se pela primeira vez a 11 de Novembro de 1936. Nos primeiros anos de produção apenas nove fábricas forneceram os seus detritos. Apesar de tudo, esta unidade estava muito bem equipada e tecnicamente bem dirigida.

As condições higiénicas das fábricas de conservas foram melhoradas por terem deixado de trabalhar os seus resíduos nas próprias instalações.

Nos últimos anos da década de 80, um dos inconvenientes era o mau cheiro, desagradável que incensava grande parte da cidade e assim, teve de ser encerrada.

(2013) O património foi demolido, deu lugar a habitações de luxo.
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FESTAS SENHORA DA HORA

A Senhora da Hora, depois de ter sido elevada á categoria da Freguesia, viu difundir-se extraordinariamente a devoção à sua padroeira, cuja reputação ultrapassou as próprias fronteiras e das terras mais distantes do país ocorriam inumeráveis peregrinos à ermida para deporem aos pés da Virgem dos Milagres as ofertas prometidas em horas aflitivas. No aprazível recinto fronteiro à Capela, os vendedores e feirantes erguiam as suas improvisadas tendas e os donos dos engenhos recreativos estendiam as suas máquinas de diversão, cavalinhos, aviões, carroceis etc., que alegravam os romeiros. As moças, por sua vez, bebiam a água "milagrosa" da Fonte das Sete Bicas, que tem um caudal com uma pujança assombrosa mas sem virtude alguma, ficando convictas de que isso lhes garantiria para breve o almejado matrimónio. A referida fonte foi construída no ano de 1893, sem quaisquer características arquitetónicas que mereçam especial referência, onde tem esculpido, em baixo relevo, os seguintes dizeres:

"1893 Aqui apareceo Nossa Senhora da Ora louvado seja o Santíssimo Sacramento"

Por sua vez as mães, no dia da festa, no momento da elevação das hóstias e cálice da missa, davam a beber aos seus filhos pequenos, um "remédio", de fabrico caseiro, com a suposta virtude de os imunizar das maleitas da epilepsia ou da gota. No final da cerimónia e depois de darem três voltas á capela, os familiares da crianças e a maioria dos romeiros iam, felizes, com a cesta do farnel expandir a sua alegria e "matar a fome" provocada por tão longa jornada, levando no seu espírito folgazão a vontade de voltar no ano seguinte. Nos dias de hoje e desde há uns anos atrás, a romaria da Senhora da Hora deixou de ter o brilhantismo de outrora caindo em profundo desuso por parte dos romeiros que todos os anos a visitaram dando-lhe enorme vivacidade e grande brilhantismo, o que nos leva a pensar que dentro de alguns anos, a continuar o desinteresse e a desmotivação, esta apenas se limitará às festividades religiosas em honra da padroeira, pelo que se perderá, irremediavelmente, toda a tradição de grande romaria. A falta de espaço físico para a montagem das diversões, a inexistência de raiz da nova população, os enormes encargos financeiros com a sua realização, a proximidade de data com inicio das festas ao Senhor de Matosinhos e o desinteresse dos agentes económicos e dos habituais promotores das festividades, são as causas mais directas que inviabilizam a realização de uma festa digna e que outrora tanto prestígio teve.
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04/05/2013

REAL COMPANHIA VINÍCOLA

(1899) "Real companhia vinícola"
(sem indicação do fundador)


"É mais um dos vários impasses que o nosso Concelho enfrenta. É mais um dos projectos que não sai do papel, que não chega a conclusão nenhuma, que mais não tem sido do que uma série de intenções, projectos, promessas e anúncios. Como tantos outros exemplos, o processo da “Real Companhia Vinícola” tem vivido vários retrocessos. Muitos projectos já houve para aquele espaço, para revitalizar um espaço centenário, que se confunde com a própria história de Matosinhos e que definha, a cada dia que passa, votado ao abandono e à degradação. Lembro, apenas, alguns dos projectos já anunciados e prometidos para a “Real Vinícola”: um hotel de charme, uma escola de hotelaria, uma enorme praça “à espanhola”. Vários destinos, mas nenhuma decisão ou concretização. Esteve, também, para acolher o tão ambicionado e falado Centro de Ciências e Tecnologias do Mar. Opção que, aliás, sempre defendi para aquele espaço, que deveria e deverá acolher um equipamento público, capaz de dar vida não só ao espaço em si, como à zona envolvente, colocando, definitivamente, um ponto final na degradação e vandalismo de que tem sido alvo. A verdade é que, até hoje, nada aconteceu. Nada passou da intenção e do papel. A Câmara anuncia, agora, que a prioridade é recuperar o espaço, colocando de parte a demolição. O objectivo, segundo o que agora, através da imprensa, é anunciado, passa por reabilitar o conjunto de edifícios e nunca demoli-lo, sem quererem, no entanto, avançar com maiores pormenores sobre o projecto em concreto. Obviamente, a ser verdade mais esta intenção, não poderei deixar de estar de acordo. Até porque sempre afirmei – e volto a reafirmar no que, também, a este caso diz respeito – destruir pedaços da nossa memória e do nosso património é, de facto, sempre um erro histórico e estratégico. Este edifício, que ocupa 11 mil metros quadrados, está em vias de classificação como Património Arquitectónico, propondo o Plano de Urbanização a sua salvaguarda e o uso de equipamento público. Por isso, também por isso, temos de estar atentos. Até porque não temos, no mínimo, como ficar tranquilos com este – mais este – anúncio por parte da Câmara de Matosinhos. Basta lembrarmos o que aconteceu com a “Algarve Exportador” e a “Rainha do Sado”. Dois espaços que fazem parte da nossa memória colectiva, da nossa história e do nosso património e que foram completamente arrasados e destruídos. E, acima de tudo, não para ali vermos nascer uma zona arborizada, um jardim público, um espaço de equipamentos públicos, uma zona para o cidadão poder usufruir, respirar, sentir e viver a cidade. Não. Dois pedaços extremamente importantes da nossa história foram arrasados e demolidos para ali nascer mais betão armado. Para ali nascer mais habitação, onde esta já não é mais necessária. Para ali nascer um hotel e que apenas aparece para branquear um processo especulativo. Por isso, também por isso, temos de estar atentos. Não podemos deixar mais um elemento da nossa memória ser arrasado, sobretudo, para, uma vez mais, fins especulativos. A “Real Vinícola” foi o primeiro edifício industrial construído em Matosinhos Sul, entre 1897 e 1901. Os edifícios dispõem-se no perímetro do quarteirão, deixando no interior um enorme pátio, onde a linha férrea, que fazia ligação às docas do porto de Leixões, tinha o seu terminus. Foi o primeiro edifício a possuir uma das primeiras estruturas fabris a vapor da Região. Falamos de quase um quarteirão da nossa cidade que, por todos estes motivos, deve, sim, ser recuperado. O mais rapidamente possível. E com um único objectivo: a sua devolução à cidade e aos cidadãos."

(NARCISO MIRANDA, in "Jornal Matosinhos")
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MATERIAIS CONCRETO

(1926) "Fábrica de materiais Concreto"
(sem indicação fundador)


(1926) Fábrica estabelecida em Matosinhos, na Rua Sousa Aroso, 188. Explorando uma indústria que era nova em Portugal. Produzia materiais de construção e decoração (blocos de cimento, telhas, azulejos, vasos, grades, etc.) compostos de cimento, areia e escória. Nesta unidade fabril trabalhavam cerca de 30 operários.

(2013) O património encontra-se devoluto e abandonado.
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SERRALHARIA VULCANO

(1920) "Serralharia mecânica A Vulcano"
(Arnaldo Rodrigues Pereira)


(1920) Ano de fundação de uma indústria pioneira e que mais notoriedade adquiriu no Norte do país. Rapidamente as suas máquinas equipavam todos os centros conserveiros do país, apesar de terem um custo mais elevado que as adquiridas no estrangeiro. As peças mais vitais da máquina industrial de Matosinhos foram elaboradas nas suas oficinas. Existiram três oficinas a produzir, em Matosinhos.

(1983) A Serralharia Vulcano foi extinta.

(2013) O património encontra-se devoluto e abandonado.
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RAMIREZ & Cª, S.A.

(1926) "Conservas Ramirez & Cª, S.A."
(Sebastian Ramirez)


(1853) Sebastian Ramirez estabelece a sociedade Ramirez, em Vila Real Sto. António.

(1890) É fundada a firma Ramirez, Pérez, Cumbrera & Cª (litografia e latoaria).

(1926) A instalação da primeira fábrica, em Matosinhos, na Avenida. Serpa Pinto, 442.

(1945) Construção de grandioso edifício, em Leça Palmeira, na Rua Óscar Silva, 1683.

(1959) Aquisição de nova unidade fabril em Peniche.

(1986) Adopta novos processos de controlo de qualidade.

(1998) Adopta a designação de sociedade anónima.

(2003) Ano de celebração dos 150 anos de actividade nacional.

(2013) A unidade fabril, resiste à crise do sector, mantendo-se em actividade e laboração.
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PORTUGAL NORTE, Lda

(1989) "Conservas Portugal Norte, Lda"
(António Pinho Faustino)


(1989) Data de fundação da Fábrica de Conservas Portugal Norte, Lda., após aquisição da antiga fábrica Nero & Cª (Sucessor), Lda., situada em Matosinhos, também dedicada ao fabrico de conservas de pescado. Dedicada ao fabrico e comercialização de conservas de pescado, tem ao longo dos anos, conseguido com sucesso, aliar a adopção de novas tecnologias de produção à manutenção de uma tradição de fabrico que privilegia a qualidade, de forma a evidenciar ao máximo o bom sabor dos seus produtos.

(2013) Esta unidade resiste à crise do sector, mantendo-se em plena laboração.
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PADRÃO & Cª, Lda

(1927) "Conservas Padrão & Cª, Lda."
(Benjamim Oliveira Especial)


(1927) Data de fundação da Fábrica de Conservas Padrão.
Era também sócio desta fábrica o Sr. Martins Sobreiro.

A fábrica Padrão, notabilizou-se por um progressivo desenvolvimento que a tornou bem conhecida e bem reputada em todos os mercados. As suas marcas "31" "ESPECIAL" "MADONNA" "PADRÃO-BRAND" "ATEQUI" e "GRASSE", não precisavam de qualquer publicidade especial. Eram suficientemente conhecidas e favorecidas por todas as clientelas. Dirigida com segurança e proficiência, a Fábrica de Conservas Padrão, era um dos melhores padrões da Industria Conserveira de Matosinhos. Esta fábrica produzia uma média de 20.000 caixas de sardinhas por ano, na década de 30 do século passado.

(1971) O seu encerramento verificou-se em 30 de Setembro.

(2013) O património foi mantido. Reconvertido numa outra empresa.
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29/04/2013

PINHAIS & Cª, Lda

(1923) "Conservas Pinhais & Cª, Lda."
(Manuel Pinhal, António Pinhal, Luís Rios, Luís Ferreira)


(1920) Devido à crise pesqueira em Espinho, é construída uma residência, na Rua Heróis França, com armazém de salga de peixe, constituindo a firma Pinhal & Irmão. Em seguida passou a sua actividade industrial para a Avda.Serpa Pinto, com uma pequena fábrica de conservas. Mais tarde, é montado um armazém com o sistema de salga (Salazones).

(1923) A actividade industrial é transferida para a Avda.Menéres, com a construção de uma nova e moderna unidade fabril para o fabrico de conservas de peixe. Contou com a ajuda preciosa do Sr. Luís Alves (banqueiro), Manuel Pinhal e D.José Abeijon (técnico especialista), como sócios, constituindo a Sociedade Pinhais & Cª, Lda.

(1939) Esta empresa produziu 50.000 caixas de sardinhas, sendo na altura a que mais produziu em Matosinhos. Para tal, contava com 300 operários.

(1940) Participaram na fundação da "Sociedade Produtora de Óleos e Farinhas Peixe", mais conhecida como a "fábrica da tripa".

(1941) Contribuíram para a campanha de assistência aos pobres de Matosinhos e Leça, e durante os anos sucessivos na iniciativa do jornal "Comércio de Leixões", chamada "Caixa de Assistência", criada pelo Sr. José dos Santos Lessa (pai).

(1945) Data do falecimento de António Rodrigues Pinhal, a 14 de Maio, com 63 anos. Tinha consigo uma nobre virtude. Fazer bem aos pobres, nunca esquecendo as suas origens.

(2013) Esta empresa resiste à crise, sob cogerência do Dr. António Manuel Freitas Pinhal.
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23/04/2013

LA GONDOLA

(1940) "Conservas La Gondola"
(Carlo Lazzara)


Nas décadas de 40 a 60 do século passado, entre muitos armazéns de salga que existiam, havia um na Rua do Godinho, 164, que conservava o peixe pelo sal (seco e em salmoura). Era o armazém-fábrica do Sr. Carlo Lazzara, de origem italiana.

Décadas mais tarde, esta unidade fabril, passou por herança para o seu genro Sr. António Silva Serrano e sua esposa Dª. Girolima Lazzara Serrano. Algum tempo depois, passou para o seu filho, Sr. António Carlos Lazzara Silva Serrano, que ofereceu sociedade ao Sr. Fausto Oliveira Cântara (contabilista da fábrica de conservas "Marques, Gomes & Cª, Lda." até finais da década de 70).

Por volta de 1977, houve a cedência total da firma e marca ao Sr. Fausto Cântara, que passou a produzir o mesmo ramo de salga de peixe, bem como a industrialização de anchovas, já contando com o apoio do seu filho, Sr. Paulo Dias. Entretanto, o tipo de indústria foi reconvertido para fábrica de conservas.

(2013) A empresa resiste à crise da indústria conserveira, continuando em laboração.
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19/04/2013

LOPES, COELHO DIAS & Cª, Lda

(1899) "Conservas Lopes, Coelho Dias & Cª, Lda"
(Joaquim António Lopes, José Coelho Dias)


(1889) Ano de fundação da antiga "Especial Fábrica a Vapor de Conservas Alimentícias Lusitana", na Rua de S.Pedro de Miragaia (Porto). A firma girava sob a razão do Sr. José Coelho Dias, sendo o Sr. Joaquim António Lopes, o sócio em comandita. As conservas desta fábrica começaram a alcançar uma crescente preferência em todos os mercados onde se apresentavam. No entanto, era forte a pressão de clientes e amigos para a necessidade de expansão, e para se dedicarem ao fabrico da conserva de sardinha. Depois de uma longa e aturada viagem pelo estrangeiro, onde puderam verificar os últimos progressos da indústria conserveira, e estudar vários locais em Portugal, onde poderiam instalar a nova fábrica, optaram por escolher a praia de Matosinhos, pois na altura oferecia as melhores garantias, quer pela excelência dos seus produtos, boas propriedades da água, próxima do Porto artificial de Leixões e da cidade do Porto.

(1899) Ano de início da actividade conserveira em Matosinhos. Efectivamente o grande marco de viragem para a indústria conserveira, posteriormente denominada de "Real Fábrica de Conservas de Matosinhos". Ocupou um espaço de 14.000 m2, sendo considerada (no género) uma das maiores da Península Ibérica. Empregava em casos normais 400 operários, sendo que em ocasiões de grande movimento chegava aos 1.000 operários. Foi o exemplo da interacção entre indústria e vias de comunicação, não só o eléctrico passava à porta, como o comboio passava nas suas instalações, a caminho da Estação de Leixões, facilitando o transporte das suas exportações. Após a instalação da fábrica, a indústria conserveira começou a desenvolver, deixando de ser simples actividade de preparação de sardinha em salmoura. Esta foi a mais antiga e importante fábrica que Matosinhos viu nascer.

(1904) As instalações da fábrica foram alvo de melhoramentos e foi também aumentado o seu capital social. Com produtos desta empresa organizaram-se os mais variados menus, desde o prato mais económico à mais esquisita iguaria, desde a refeição mais simples ao mais abundante banquete.

(1941) A unidade fabril foi adquirida pelo Sr. Adão Pacheco Polónia, mantendo-se em laboração até meados da década de 60, altura que marca o seu encerramento.

(2013) O património foi demolido. Deu lugar a habitações de luxo.
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16/04/2013

VASCO DA GAMA, Lda

(1939) "Conservas Vasco da Gama, Lda"
(José António Cabral)


Nos primeiros dias do século XX, um arrojado capitalista, deliberou fundar uma fábrica de conservas, cujo desenvolvimento se foi notando de ano para ano, até atingir uma reputação notável. Durante alguns anos, a gerência esteve a cargo dos filhos do fundador.

(1939) A gerência foi confiada aos Srs. Narciso Barroso e António Costa Neiva.

(1941) A organização industrial passou a denominar-se "Vasco da Gama, Lda.". Uma das explorações importantes conseguida pela empresa, foi o fabrico das próprias latas de conserva, que também foram fornecidas para outras fábricas. Isto resultou num incremento bastante grande, sem que prescindissem da indústria conserveira, por via da elevada reputação dos seus produtos, exportados para Alemanha, Bélgica, Itália, França, Polónia, Áustria, etc. Numa média anual de 60.000 caixas. Além de conservas de sardinhas, exportavam azeite e azeitonas, constituindo estes uma das suas especialidades mais reputadas.

(1995) Ano de encerramento de actividade. Um dos edifícios foi aproveitado pela indústria de pneus “Foll Pneus”. A falência desta empresa, posteriormente, provocou o abandono do edifício.

(2013) O património encontra-se devoluto e abandonado.
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BOTELHOS & Cª.

(1926) "Conservas Botelhos & Cª."
(Tenente Francisco Botelho Cardoso)


(1926) Iniciou a sua actividade de salmoura em Leça da Palmeira. Produzia anualmente 10.500 cabazes de peixe prensado e em salmoura.

Na década de 40, foi reconvertida em fábrica de conservas de peixe com molhos. Os seus produtos adquiriram renome universal, e a qualidade não conheceu rival à altura nos mercados inglês e americano. O seu fundador foi um dos grandes industriais do concelho de Matosinhos, e figura muito activa, na colaboração com outras instituições. Foi o primeiro presidente da Assembleia Geral dos Bombeiros Voluntários de Leixões, de 1932 a 1960, sempre eleito pelos sócios.

Posteriormente, o edifício foi aproveitado para a empresa de produtos congelados “Beirafrio”.

(2003) Ano de encerramento da empresa “Beirafrio”.

(2013) O património encontra-se devoluto e abandonado.
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JOANA D'ARC, Lda

(1927) "Conservas Joana D' Arc, Lda"
(Joaquim Silva Maia)


(1927) Inicia a sua actividade conserveira em Matosinhos. Numa época próspera, esta fábrica produzia, já na década de 30, 25.000 caixas de sardinha por ano. Contava com a preciosa colaboração de 120 trabalhadores.

Impõe-se uma referência ao Sr. António Ferreira da Silva (General), por acreditar e defender os ideais grevistas para obrigar os patrões a pagar melhores salários. Começou a trabalhar aos 12 anos, na "Lopes, Coelho Dias & Cª, Lda." Motivado pela correspondência recebida da Associação de Soldadores de Setúbal, tomou conhecimento da luta dos trabalhadores por melhores salários. Resolveu enfrentar o encarregado, mesmo estando numa situação precária. Não desistindo dos seus ideais, passou ao quadro do pessoal efectivo da empresa, subindo sempre na carreira profissional. Desempenhou funções de encarregado geral da "Vasco da Gama, Lda." e mais tarde transitou para a "Joana D'Arc". Trabalhou até à idade de 80 anos, sempre com amor à arte e ao ramo industrial que abraçou. Em 22 de Julho de 1994, faleceu com quase 93 anos.

(2013) O património encontra-se devoluto e abandonado.
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CONTINENTAL, Lda

(1923) "Conservas Continental, Lda"
(Avelino Alves Rocha, Coronel Hélder Ribeiro)


(1923) Inicia a sua actividade conserveira em Matosinhos. Com uma orientação de rigorosa honestidade em toda a organização, impôs-se pelo esmero e qualidade superior dos seus produtos. Com segurança e tenacidade construiu uma reputação honrosa que quis manter a todo o custo. Sempre se preocuparam com o desejo de bem-servir, em relação aos números. Situada no melhor local de Matosinhos, tanto para a recepção do peixe, como para expedição dos produtos manufacturados, conseguiu reunir as melhores condições higiénicas e facilidades de trabalho.

Durante a década de 30, esta fábrica produzia 20.000 caixas de sardinhas/ano, contando com 175 trabalhadores.

(1971) Ano de encerramento da unidade fabril.

(2013) O património encontra-se devoluto e abandonado.
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CONSERVEIRA PORTUGUESA, Lda

(1935) "Conservas Conserveira Portuguesa, Lda"
(Cardoso Abreu, João Ferreira Martins, António Oliveira)


(1935) Inicia a sua actividade conserveira em Matosinhos, de uma forma verdadeiramente auspiciosa, conquistando os mercados lentamente, aperfeiçoando o seu fabrico diário, melhorando constantemente as suas instalações, sempre contanto com a competência dos seus gerentes. As marcas de conservas que comercializavam respeitavam elevados padrões de qualidade. As suas modelares e moderníssimas instalações mecânicas, aliadas a um bom conjunto de pessoal técnico especializado permitiram uma execução perfeita em todos os seus produtos. Os seus dirigentes não se pouparam a quaisquer gastos para aperfeiçoamento técnico, e para adquirir as melhores matérias-primas, procurando afastar os obstáculos a que este tipo de indústria está sujeito.

(1977) A unidade fabril foi adquirida pelo Sr. António Pinho Faustino. Introduziu várias alterações, aumentando a produção diária para 100.000 latas de conserva.

(1996) Ano de encerramento da fábrica, devido a um incêndio.

(2013) O património foi demolido, deu lugar a habitações de luxo.
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15/04/2013

SICMA, Lda

(1935) "Conservas Sicma, Lda"
(Lobo & Freitas, Lda, E.Felgueiras, J.Chaves, H.Gomes)


(1935) Iniciou a sua actividade conserveira em Matosinhos. Teve o condão de conquistar um lugar proeminente entre as suas congéneres de Matosinhos. Ao mesmo tempo as suas marcas foram-se tornando conhecidas e famosas no mercado nacional e estrangeiro. Eram bem conhecidas as sardinhas das marcas "SICMA", "SELVA", "MINERVA" e "ALVA".

(2013) O património encontra-se devoluto e abandonado.
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PÁTRIA, S.A.

(1943) "Conservas Pátria, S.A."
(Alfredo Buss, Santos)


(1943) Iniciou a sua actividade conserveira em Leça da Palmeira. Mais tarde, esta unidade foi comprada pelo Sr. Gerónimo Martins e Sr. Ilísio Santos. Alguns anos depois, foi adquirida pelo Sr. Manuel Barroso. Por último, foi adquirida por uma sociedade, encabeçada pelo Sr. Gonçalo Melo.

É considerada uma das mais antigas fábricas de Leça da Palmeira.
A sua força laboral conta com meia centena de operárias, produzindo essencialmente para Itália.

(2006) Os trabalhadores ameaçam parar a produção, alegando salários em atraso. Situação resolvida, pela administração, mas fica o prenúncio de dificuldades financeiras.

(2008) Ano de encerramento da unidade fabril.

(2013) O património encontra-se à venda, através de uma imobiliária.
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A BOA NOVA, Lda

(1920) "Conservas A Boa Nova, Lda."
(José Rodrigues Serrano)


(1920) Iniciou em Matosinhos a sua actividade conserveira tendo conseguido, em pouco tempo, equiparar-se às principais fábricas do Norte. Sob direcção firme e sensata do seu fundador conquistou uma reputação muito prestigiada em todos os mercados. No entanto, a vida foi cruel para o mais idoso dos industriais do Centro Conserveiro.

No Brasil, conseguiu amealhar o dinheiro que lhe permitiu montar em Espinho, um negócio de mercearia e padaria (a pedido da sua esposa, visto que por sua vontade regressaria ao Brasil) que obteve uma enorme reputação pela qualidade do fabrico. Ao mesmo tempo, converteu-se em gerente e armador de algumas artes de pesca do arrasto. Mais tarde, ocupou-se da exportação de vinhos para o Brasil, reunindo uma pequena fortuna. Contudo a "peste bubónica" obrigou as autoridades a impor um cerco à cidade, causando gravíssimos prejuízos no negócio. Ao mesmo tempo, em Espinho, o mar ia destruindo algumas casas que possuía e mais tarde continuava a sua acção devoradora, acabando por destruir o edifício onde se situava a conceituada mercearia e padaria. Foi então, que decidiu abandonar Espinho, acabando por se instalar definitivamente em Matosinhos, dedicando-se exclusivamente ao fabrico de conservas em azeite e tomate, com fabrico normal de latoaria, posteriormente mecanizada.

(1938) Os seus filhos sucederam como sócios, mantendo a actividade, procurando seguir as pisadas do pai, que faleceu a 5 de Janeiro, com 79 anos de idade.

(2013) O património encontra-se devoluto e abandonado.
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14/04/2013

ALGARVE EXPORTADOR, Lda

(1939) "Conservas Algarve Exportador, Lda."
(Agostinho Fernandes, Rodrigues)


(1939) Iniciou em Matosinhos a sua actividade conserveira. Esta importante firma, com uma organização das mais completas do país, dispunha de fábricas em Lisboa, Setúbal, Lagos, Peniche e Nazaré. Em Matosinhos, foi construída a unidade de produção nr.6, como resultado da falta de pesca que atingiu o Centro e Sul do país nas décadas de 30 e 40. A fábrica foi construída tendo em conta a excelência em cuidados de higiene. A nave industrial destinada ao enlatamento era grande, elegante, airosa e cheia de luz. O solo era de mosaico, fácil de limpar e colocado em todas as dependências em que o trabalho diário obrigava a uma limpeza diária. O conjunto formado pelos fornos de cozer e esterilizar, com as suas chaminés de corte vistoso, dava o aspecto agradável de um salão dos velhos tempos senhoriais. A distribuição do azeite era teoricamente perfeita. Existia um terraço para utilizar na secagem da sardinha servido por um elevador. Para os funcionários, existiam instalações pautadas pelo bom gosto e simplicidade, como vestiários e refeitórios e banhos de chuveiro.

(1979) Ano de encerramento da unidade fabril.

(2009) A fachada da fábrica foi demolida, apesar de estar considerada como uma das mais belas existentes.

(2013) O património foi demolido. Deu lugar a um parque de estacionamento selvagem.
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13/04/2013

PRADO, Lda

(1934) "Conservas Prado, Lda"
(Carlos Rocha, Pedro Marôcho, José Barbosa)


(1934) Iniciou em Matosinhos a actividade conserveira. A sua modelar organização comercial a par das impecáveis condições técnicas de laboração, honraram a gerência administrativa desta fábrica. Do saber e da competência falam não só os resultados dos seus movimentos anuais, mas ainda a confiança que nos seus componentes põem os conserveiros de Matosinhos, elegendo-os para cargos de responsabilidade na direcção da indústria local. A sua actividade estendeu-se no apoio a diversas instituições, nomeadamente aos Bombeiros Voluntários de Leixões. Posteriormente, a administração transitou para os filhos dos fundadores.

(1992) A fábrica foi adquirida pelo Dr. António de Pinho Faustino, que manteve a fábrica em laboração durante oito anos.

(2000) Numa altura em que estudavam um projecto de alteração das instalações numa fábrica nova, e tendo já garantido o apoio do I.F.A.D.A.P. e D.G.P., viu-se obrigado a encerrar a fábrica, por dificuldades surgidas com as autoridades.

(2013) O património encontra-se devoluto e abandonado.
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RAINHA DO SADO, Lda

(1941) "Conservas Rainha do Sado, Lda"
(Augusto Pinto Soromenho)


(1941) Iniciou em Matosinhos a actividade conserveira, principalmente motivada pela escassez de sardinha em Setúbal. A fábrica principal, começa a paralisar, por falta de matéria-prima, que apenas existia no norte. Devido ao cansaço, e demora nas viagens entre Matosinhos e Setúbal, resolvem transferir definitivamente a fábrica e residência para Matosinhos.

(1970) A escassez de sardinha atinge o mar de Matosinhos, e devido à avançada idade do seu fundador, aliado à falta de interesse pelo negócio, por parte dos seus filhos, a solução encontrada foi a venda do património. Contudo, o património foi vendido a um preço completamente irrisório. No entanto, o novo dono da fábrica, também não conseguiu a sobrevivência, apenas acumulando resultados negativos.

(2009) O património apresentava um elevado grau de degradação e abandono. Em ruínas.

(2013) O património foi demolido. Deu lugar a um parque de estacionamento selvagem.
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26/03/2013

VARINA - BRANDÃO & Cª, Lda

(1914) "Conservas Varina - Brandão & Cª, Lda"
(Lino e Mário Brandão, Lino Brandão-filho)


(1908) Iniciou, em Ovar, a sua actividade conserveira, com o mais variado tipo de conservas, desde o peixe à caça, passando por legumes, pickles, etc.

(1914) Construiu, em Matosinhos, uma fábrica de conservas, ocupando um lugar de grande destaque. Procurando corresponder ao bom acolhimento dado à marca dos seus produtos, primou pela mais severa linha de conduta, não deixando de observar religiosamente os seus contratos e a maior correcção em todos os seus negócios. A expansão internacional, não só abrangeu o Brasil, como exportou em grande escala, para os principais mercados das nações europeias.

(1961) Os seus produtos obtiveram a melhor aceitação, tendo sido classificados, como um dos melhores apresentados, no certame de géneros alimentícios, organizado em Bruxelas.

(2013) O património foi mantido, reconvertido num supermercado.
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25/03/2013

BRANDÃO, GOMES & Cª, Lda.

(1904) "Fábrica Conservas Brandão, Gomes & Cª, Lda."
(Henrique e Alexandre Brandão, Augusto e José Gomes)


(1894) Iniciou, em Espinho, a sua actividade conserveira, com o mais variado tipo de conservas, desde o peixe à caça, passando por legumes, pickles, etc.

(1904) Construiu, em Matosinhos, uma fábrica de conservas, que era um dos edifícios mais bonitos, um autêntico exemplo de arquitectura.

(1938) Instalou-se no mesmo espaço, a fábrica "Guedes & Cª., Lda". Posteriormente instala-se, neste espaço, a fábrica de fermentos "Gist-Brocades".

(2013) Em Matosinhos, o património foi demolido. Deu lugar a habitações de luxo. Em Espinho, o património devoluto foi totalmente recuperado, para o "Museu Municipal de Espinho".
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01/03/2013

FESTAS SENHOR DE MATOSINHOS

Segundo a tradição, a imagem do Senhor de Matosinhos é uma das mais antigas de toda a cristandade. A lenda diz que esta imagem foi esculpida por Nicodemos, que assistiu aos últimos momentos de vida de Jesus, sendo por isso considerada uma cópia fiel do seu rosto. Nicodemos esculpiu mais quatro imagens mas esta é considerada a primeira e a mais perfeita. A imagem é oca porque nela teria Nicodemos escondido os instrumentos da Paixão e, nesses tempos de perseguição, os objectos sagrados eram escondidos ou atirados ao mar para escaparem à fogueira. Nicodemos atirou a imagem ao mar Mediterrâneo, na Judeia, e esta foi levada pelas águas, passou o estreito de Gibraltar e veio dar à praia de Matosinhos, perdendo na viagem um braço.

A população de Bouças ergueu-lhe um templo e designou a imagem por Nosso Senhor de Bouças, venerando-a durante 50 anos pelos seus muitos milagres. Mas um dia, andava uma mulher na praia de Matosinhos a apanhar lenha para a sua lareira, quando encontrou um pedaço de madeira que juntou aos restantes. Em casa, lançou-o ao fogo mas este pedaço saltou da lareira não só da primeira, mas como de todas as vezes que ela o tentava queimar. A sua filha, muda de nascença, fazia-lhe gestos desesperados para que dizer qualquer coisa e, por fim, balbuciou, perante o espanto da mãe, que o pedaço de madeira era o braço de Nosso Senhor das Bouças. Assombrada pelo milagre a população verificou que o braço se ajustava tão bem à imagem que parecia que nunca dela se tinha separado.

No século XVI, a imagem foi mudada para uma igreja em Matosinhos, construída em sua honra, ficando a ser conhecida por Nosso Senhor de Matosinhos.
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26/02/2013

APRESENTAÇÃO DO PROJECTO

As cidades evoluem com o passar dos anos. As novas tecnologias e necessidades das populações obrigam a mudanças profundas. O antigo dá lugar ao novo. Muitos aspectos culturais conseguem resistir e perdurar no tempo. Outros desaparecem, sendo a sua memória apenas recordada através de imagens. As memórias desvanecem com o tempo...

Baseado no livro "Memórias da Indústria Conserveira", de Josué Gomes Fernandes Tato, com a cidade de Matosinhos como protagonista, pretende recordar as memórias do que se foi perdendo ao longo das últimas décadas. Ficam convidados a descobrir este projecto: o documentário e o blogue. Em memória das memórias esquecidas...


Autoria: Miguel Correia
Colaboração: Ana Margarida Mota, Joel Cleto e Manuela Wiech


Disponível nos seguintes canais:
YouTube:     https://www.youtube.com/watch?v=k9vox59mJQA
Blogue:        https://inmatosinhos.blogspot.com/
Meo Kanal: tecla verde, 201581